Suno reforça defesa em ação judicial e argumenta que músicas geradas não usam samples

Plataforma de IA musical, Suno sustenta que as faixas produzidas não infringem direitos autorais e pede arquivamento de processo movido por artistas independentes.

Suno apresentou uma nova estratégia jurídica para se defender de acusações de violação de direitos autorais, em uma ação coletiva movida por artistas independentes nos Estados Unidos. O processo, iniciado em junho de 2025 por Anthony Justice e o selo 5th Wheel Records, questiona o uso de obras protegidas no treinamento da inteligência artificial da empresa e a possibilidade de que músicas geradas pela plataforma copiem fonogramas existentes.

No entanto, em uma petição protocolada em 18 de agosto em uma corte federal, a Suno pede a rejeição do caso, alegando que os argumentos apresentados pelos artistas “falham como questão de direito” e que não existe amparo legal para a ação.

Segundo reportagem do Music Business Worldwide, que teve acesso à petição, a empresa argumenta que suas ferramentas não funcionam por colagem de trechos de gravações, mas sim pela criação de novos sons originais.

O argumento técnico da Suno

O ponto central da defesa está no Copyright Act dos EUA, especificamente na Seção 114(b), que trata de fonogramas de forma distinta em relação a outras obras. A Suno sustenta que, para comprovar infração, seria necessário demonstrar que a saída do sistema contém um sample direto da gravação original, e não apenas similaridade estética ou sonora.

“Não é assim que a ferramenta funciona. Ela gera sons inteiramente novos, em vez de juntar trechos pré-existentes”, afirmam os advogados da empresa no documento.

A tese se apoia ainda em duas decisões recentes da justiça norte-americana, em casos contra a Anthropic e a Meta, que reconheceram o uso de obras protegidas em treinamentos de IA como prática amparada pela doutrina do fair use.

Embate com artistas independentes

Enquanto a ação movida pela RIAA e pelas grandes gravadoras (Universal Music GroupSony Music Entertainment e Warner Music Group) foca apenas no treinamento das IAs com obras protegidas, a iniciativa dos independentes amplia o debate para os outputs, ou seja, as faixas resultantes dos comandos. Para eles, determinadas músicas geradas pela Suno se aproximam excessivamente de suas criações originais, configurando uma infração.

O processo cita ainda um relatório publicado pelo U.S. Copyright Office em maio de 2025, no qual a instituição questiona se a doutrina do uso justo pode se aplicar a músicas utilizadas para gerar obras substitutivas que competem no mercado. Para os artistas, esse entendimento fortalece sua posição contra a empresa de IA.

Disputa com alcance global

A ação dos independentes se soma a outros embates judiciais da plataforma. Desde 2024, a Suno também responde a um processo movido pelas majors com apoio da RIAA e enfrenta um litígio na Alemanha iniciado pela sociedade de gestão coletiva GEMA, em janeiro de 2025.

Apesar da pressão legal, a companhia segue expandindo seus serviços. Em 2025, lançou a versão V4 do gerador de músicas, prometendo maior qualidade de áudio, e anunciou o produtor Timbaland como conselheiro estratégico.

A disputa judicial ainda está em fase inicial, mas pode se tornar um caso de referência para definir os limites da criação musical com inteligência artificial. O resultado terá impacto direto tanto para plataformas como a Suno quanto para artistas e gravadoras que buscam proteger seus catálogos diante da rápida evolução tecnológica.

Fonte: Mundo da Música