Em 23 de setembro de 1999, os países participantes da Conferência Mundial de Coligação contra o Tráfico de Mulheres escolheram a data como o Dia Internacional Contra a Exploração Sexual e o Tráfico de Mulheres e Crianças. A ação foi inspirada na Argentina que, em 1913, promulgou a Lei Palácios, criada para punir quem promove ou facilita a prostituição e a corrupção de menores de idade.
Apesar de ser um crime internacional, em muitos países a exploração sexual e o tráfico de mulheres e crianças ainda é uma ferramenta de perseguição contra cristãos. O sequestro é uma forma de perseguir os cristãos que cresceu 124% na Lista Mundial da Perseguição 2022. O número de casos passou de 1.710 para 3.828.
49% dos abusos sexuais a cristãs aconteceram na África e a Nigéria é uma dos locais mais afetados. O país foi o local onde aconteceram 66% deles, com 2.510 de casos.
O Boko Haram, principal grupo extremista do país, costuma sequestrar mulheres e, em seus cativeiros, abusa delas. Em julho de 2022, por exemplo, quatro cristãs foram sequestradas e abusadas sexualmente no sul de Kaduna, Nigéria. Os extremistas pretendem enfraquecer os cristãos, traumatizando as famílias. Conheça a seguir a história de Ruth, outra cristã nigeriana violentada por extremistas.
Uma história de dor e restauração
A cristã Ruth* foi sequestrada pelo grupo extremista quando tinha 14 anos, durante uma invasão ao vilarejo onde vivia, no estado de Adamawa. “O primeiro ano foi um inferno. Cada dia que retornavam dos ataques, os soldados do Boko Haram batiam em nós e nos violentavam sexualmente. Meu corpo inteiro estava coberto de feridas e eu fiquei muito magra porque eles não nos davam comida suficiente. Eles nos disseram para negar a Cristo e nos tornarmos muçulmanas se quiséssemos ter mais liberdade no acampamento. Recusei-me a negar a Cristo e continuei chorando e orando para Deus me resgatar”, testemunha a cristã.
Em 2017, a nigeriana conseguiu fugir e voltar para a casa dos pais, mas agora ela carregava um bebê chamado Samaila com ela. “Meu pai começou a me tratar como uma infiel por causa do meu filho e do bebê que carregava no ventre. Ele dizia: ‘Não quero ver você nem esse menino perto de mim’. Essas palavras partiram meu coração”, recorda Ruth.
No mesmo ano, a cristã participou do aconselhamento pós-trauma da Portas Abertas e passou a ser curada gradativamente. “Deus me testou e eu falhei. Mas quando voltei, ele me aceitou de braços abertos”, comemora. Por isso, deu ao segundo bebê o nome de Ijagla, que significa “Deus é aquele que nos prova”. Além disso, o pai de Ruth também leu o conteúdo que a filha tinha recebido no seminário e foi tocado por Jesus. Isso resultou na mudança em relação aos netos. “Hoje, meu pai pega Samaila no colo e sai com ele. Isso é algo que eu nunca imaginei que fosse possível”, finaliza.
*Nome alterado por segurança
Por: Portas Abertas