Deus é mãe!

Deus é Mãe! Quando o novo álbum do Estêvão Queiroga foi lançado, em 10 maio deste ano (numa segunda-feira, para desespero dos que padronizam os lançamentos na sexta), eu ouvi e pensei: pera! que tem coisa aqui. Até a data da postagem deste texto, tenho certeza que tem muita coisa que eu ainda não descobri, seja em termo de produção (instrumento, arranjo…) ou em relação a mensagem. E desde já, deixo aqui o convite para compartilhar a sua interpretação comigo.

Contudo, na primeira camada a ideia maternal do “pai” celestial é clara e direta. Os dois singles lançados antes do disco , “Amanhc(eu)” e “(Tá)” – consequentemente a música que abre e a que fecha o álbum – deixam clara a ideia: aqui, Deus é Mãe!

Parando para pensar sobre a proposta, entendo que, sob um olhar tradicional social, a figura do pai é relacionada à provisão e rigidez. Quem nunca ouviu: quando seu pai chegar você vai ver. Já a figura da mãe, é comumente ligada a afeto e criação. A que cuida, prepara a comida, ajuda nas lições de casa…Olhando para as duas características básicas, Deus seria obviamente mais mãe do que pai. (fico então com a amálgama PÃE!)

Com essa visão, busquei por outros aspectos do álbum e fui ver as lives que o cantor fez com amigos, e pessoas que participaram do projeto, quando ouvi, Estêvão falando sobre a concepção da capa, que em si possui camadas. O rosto dele retratado como um estátua associada ao nome OCIDEIA tem objetivo de criar uma relação com a “Odisseia” (confesso que no primeiro momento achava que esse era nome do disco), uma das obras literárias mais famosas do mundo, que narra a jornada do herói grego Ulisses de volta para casa, após a batalha de Tróia.

A segunda é simples: esse é o nome da mãe do cantor. O que reforça, e muito, a proposta mais evidente do trabalho. Detalhe, Ocideia Queiroga é a voz principal da faixa introdutória “Pródromos”. A canção, que na verdade é uma declamação, já aponta para relação pais e filhos. E nessa história somos apenas crianças birrentas, mimadas e carentes.  

Para não deixar esse texto longo (aposto que se pudessem, vocês acelerariam a leitura deste) quero só adiantar que o álbum ainda fala de temas como agressão familiar, medos, vícios, ansiedade, auto reflexão e a esperança de um dia encontrar e repousar nos braços da mãe. Mas, como disse anteriormente, o álbum traz muitas camadas e, muitas eu ainda não consegui nem vislumbrar. Por isso, encerro com um trecho de “Passou” uma das minhas canções favoritas deste trabalho: “De um lado eu não cheguei. Do outro já parti”. Esse é o meu sentimento sobre OCIDEIA. Já comecei, mas estou longe de entendê-lo como um todo. Até lá: ”Deixa eu pensar que eu já tô chegando…”

SOBRE RAPHAEL TEODORO
Raphael Teodoro é jornalista formado há 7 anos. Já trabalhou em projetos como o Viaduto F.C. da CUFA (Central Única das Favelas), e foi redator os sites Torcedores.com e CinemaComRapadura.com. Atualmente, é editor e co-responsável pelo site/canal Gospel no Divã, editor de conteúdo do canal da Folha Dirigida e membro do Infinicast. Além de diretor de comunicação da agência infinit e colunista do portal Sala Musical.

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