Interior de São Paulo é refúgio em tempos de perseguição internacional

Desde agosto de 2021, o povo afegão encontra-se em situação de vulnerabilidade e violência grave contra seus direitos mais fundamentais. Muitos deles conseguiram sair do país, mas outros tantos ainda padecem em meio à crueldade instalada. Só neste ano, por exemplo, 24 famílias de refugiados foram recebidas pela Panahgah, organização não-governamental brasileira responsável, em parceria com a ONU, por trazer os afegãos para o Brasil, bem como colocá-los na vida em sociedade e cuidar de sua alfabetização em português, por exemplo.


Para isso, a entidade conta com uma rede de voluntários da qual a professora Jackie Massagardi Mendes, da Escola Cristã Jundiaí, também faz parte. A educadora se diz bastante satisfeita com a evolução das aulas e credita este êxito às raízes acolhedoras do interior. “Foi emocionante apresentar as meninas afegãs para a equipe de colaboradores da escola e vê-las serem recebidas com tanto amor. São novas histórias sendo escritas e é gratificante poder contribuir”, define.


Estudando o idioma do Brasil há alguns meses, a pequena Jannat, de seis anos, tem mais outros dois irmãos adolescentes, Ghazal e Bakhtash, mas a mãe dos três, Nina Kawusi, acredita que ela esteja adquirindo a língua mais rapidamente que todos da família. “É incrível a desenvoltura dela, até com nosso cachorrinho ela já brinca em português”, graceja.


Parte dessa conquista se dá pela dedicação das irmãs Esther e Rachel, de 12 e 15 anos, que estão lecionando para as crianças de forma mais lúdica e, assim como outros professores, utilizam o inglês para ensinar o idioma brasileiro. “Ficamos empolgadas em nos voluntariar para o projeto, pois é uma janela de conhecimento para nós e para outros alunos daqui”, Rachel explica. Ela, que se interessa por assuntos ligados às causas sociais, também desabafa sobre a dificuldade de integração que alguns refugiados apresentam. “Quando se tem dificuldade com o idioma local, fica muito difícil fazer amigos e se integrar à cultura”.


Com o objetivo de amenizar esses impactos, a Escola Cristã decidiu contribuir com a Panahgah, em especial, para melhorar a empregabilidade dos refugiados, que não conseguem lutar por oportunidades sem conseguir se comunicar. ”Começando pelo domínio do Português, entendemos que portas podem se abrir para eles e essas famílias voltam a ter esperança”, afirma Rosângela Jayme, diretora da Escola Cristã Jundiaí.

Por: Michelle Rachel